Estrias. Estrias esponjosas. Chamadas de cavernosas. Que se incham de sangue. Isso perfaz um pau duro, maior orgulho e glória de um homem. A honra de poder apresentar ao mundo uma ereção... eis o que os homens querem, mais do que tudo, em suas vidas. Arte, ciência, fé, amor, tudo isso é secundário diante da capacidade de preencher com sangue venal uma esponja de carne pendurada entre as pernas. De que vale, afinal, você realizar uma obra-prima, se o seu pau permanece mole? Para que desvendar os mistérios do Big Bang se, depois, aquele específico pedaço do universo continua frio e vazio como antes? Qual a importância da existência ou não de Deus, perante um pau que não consegue apontar para cima? Rebaixem um homem ao máximo, chamem sua mãe de puta suja, invadam a sua pátria estuprando as suas filhas; nada será pior do que torná-lo inapto e endurecer sua pênis. Com todas as graves doenças que assolam a humanidade, o remédio mais vendido do mundo é para evitar esta suprema humilhação. "Não, isso não". Um homem confessará qualquer coisa, roubo, fraudes, perversões, assassinatos, mas jamais irá admitir que tem um pau flácido. Setenta gramas de carne: um hambúrguer, se for esmagado.
Trecho extraído do novo romance "O pau", de Fernanda Young.
Nenhum comentário:
Postar um comentário